A Comissão de Anistia do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania concedeu por unanimidade o status de anistiado político ao professor e artista cearense Rodger Rogério, pela perseguição política sofrida por ele durante o regime militar brasileiro. O caso foi analisado nessa quinta-feira (22), na mesma sessão que concedeu anistia à ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
O cantor e compositor, de 81 anos, ainda receberá uma indenização de R$ 100 mil paga em prestação única, que é o valor máximo permitido. A comissão também decidiu por um pedido de desculpas pelo estado brasileiro.
“Nós temos a figura de Rodger Franco Rogério, que é um músico que participou de um grupo chamado ‘Pessoal do Ceará’, e como professor universitário ativista pela democracia foi preso pelo aparato reflexivo e, portanto, passou por uma situação de muita violência estatal”, explicou Manoel Moraes, relator do caso.
“Ele cantou e versou através da sua música gerações de pessoas que encontraram na música, na poesia, na literatura, um lugar de resistência. Ele foi preso, respondeu inquérito acusado de transgredir a lei de segurança nacional e outros crimes como opositor do regime. Diante de toda essa luta ele se tornou um símbolo na região do Nordeste, como sendo uma pessoa que atuou numa dimensão tão importante para a vida humana que é alma da sociedade”, destacou Manoel Moraes.
Após a exposição do pedido, todos os conselheiros votaram a favor, acompanhando o relator.
“Obrigado pela sua luta senhor Roger, nós contamos com suas canções para continuar dançando”, disse a presidente da Comissão, Ana Maria Lima, após conceder o título de anistiado político ao cantor.
Prisão e perseguição
Rodger Franco de Rogério foi preso durante o regime militar em Fortaleza, em 27 de julho de 1966. Já em 1973, ele foi perseguido enquanto fazia uma seleção pública para a Universidade Federal do Ceará (UFC), e impedido de assumir a vaga devido a ficha criminal.
Em 2022, o dano que o artista sofreu na época foi reconhecido pelo Governo do Ceará, quando a Comissão Especial de Anistia Wanda Sidou, vinculada à Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS), concedeu parecer favorável a um pedido de desculpas público e à indenização em R$ 30 mil pelos prejuízos sofridos.