Há muito tempo, Guanacés, que hoje é distrito da cidade de Cascavel, não era chamado assim. O lugarejo era conhecido por Bananeiras, por isso, até hoje chamam a estrada que passa por detrás da Igreja de São Francisco de “Estrada da Bananeira”, justamente pelo antigo nome dado ao distrito.
Conta a lenda que em Bananeiras viveu um rico e cruel fazendeiro senhor de escravos, conhecido por suas maldades e castigos que aplicavam a eles. Muitos dos escravos o temiam, outros já sentiam raiva de seu senhor que parecia não ter piedade de ninguém.
Certo dia, apesar de todos os cuidados que recebeu, embora tenha gastado fortuna com tratamentos para se manter vivo, uma doença não o deixou escapar, e a morte chegou para ele.
Como era muito poderoso e conhecido naquelas terras, foi organizado um grande velório, como não poderia ser diferente. Amigos, outros fazendeiros, familiares, padre e escravos compareceram ao adeus do malvado senhor.
Para os escravos, sobrou o trabalho mais pesado, levar o corpo numa rede até o cemitério. E embora estivessem felizes por terem se livrado do senhor, chegaram à conclusão de que aquele homem merecia um castigo. E assim, já no rumo do cemitério, ganharam distância dos demais que acompanhavam o cortejo, e rapidamente, sem serem vistos, substituíram o corpo do homem por um pé de bananeira e continuaram normalmente o percurso.
Na hora do último adeus, quando os escravos já haviam posto a bananeira na cova, a viúva se aproximou e só então percebeu que o corpo de seu finado marido não estava ali. Alardeou para todos os presentes que quem estava sendo sepultado naquela ocasião era uma bananeira! Foi então que começou um grande alvoroço, escravos fugindo, mulheres gritando, a viúva desmaiou, homens rindo, outros gritando para pegarem os escravos e a cachorrada em polvorosa latindo naquele rebuliço jamais visto naquela região.
Desde então, passaram a chamar o local, como o lugar da Bananeira, em referência ao episódio ocorrido naquela região e que jamais seria esquecido por aqueles que conheciam o malvado homem.
[Airton Dias de Sousa. O Povoado Bananeira. In: A Serra da Mataquiri, o Rio Malcozinhado e Outras Histórias. 2. ed. Fortaleza: Premius, 2018, p. 91-92. Ilustração: Wescley Barros Borges – colorização: Hugo Cavalcante]