A base fundamental de uma relação é o amor. Esse sentimento sublime e inabalável é o alicerce, é o que sustenta tudo o que está por vir. Não podemos blindar os nossos filhos e nem a nós mesmos dos problemas e frustrações inerentes à vida, mas podemos prepará-los para enfrentar as dificuldades com serenidade e força. Podemos e devemos caminhar juntos. A relação entre pais e filhos é complexa, mas é também instintiva.
Estabelecer uma conexão com a criança é fundamental. Isso acontece naturalmente, até fisiologicamente, principalmente entre mães e filhos. Gestar um ser e dividir com ele seu corpo é algo incomparável, por isso a referência materna é sinônimo de segurança, amor e vida. É um vínculo tão forte e transcendental que mesmo em lares adotivos, a mãe consegue essa conexão facilmente e, embalada pela força do amor, cumpre o seu papel na vida de um ser humano que inicia a jornada terrena.
Mas como seres humanos que somos, vivendo em um mundo desafiador e conflituoso, se faz necessário trabalhar fortemente os vínculos entre pais e filhos. Esses vínculos são construídos através da convivência, do permitir a si e ao outro exercer o diálogo e construir uma relação de cumplicidade e confiança.
Cada pessoa é única, tem suas próprias características, personalidade, temperamento… mas independente disso, vínculos podem e devem ser construídos. Filhos precisam enxergar nos pais um caminho aberto, um porto seguro, um lugar de onde veio e para onde sempre pode voltar. Quando essa relação de amor e confiança se estabelece, ambos estarão preparados e fortalecidos para enfrentar os inúmeros obstáculos da vida.
Hoje, na era da explosão tecnológica e dos mundos virtuais com informações – reais e irreais – circulando na velocidade da luz e a um simples “clic”, o contato humano se faz urgente. Precisamos conectar pessoas fisicamente, no mundo real, na vida real. Buscar esse resgate não é tarefa fácil, mas as próprias tragédias oriundas desse descompasso e desrespeito aos instintos mais primitivos e verdadeiros, têm feito muita gente refletir e agir.
Chegou a hora de parar, de olhar para trás e buscar lá referenciais reais de afeto, respeito, honestidade, simplicidade e verdade. Se você é pai ou mãe, se você é cuidador, é responsável por uma criança, busque se conectar com ela. Ensine que antes de qualquer dispositivo ou tentação tecnológica precisa existir uma pessoa de verdade, com sentimentos de verdade, com emoções de verdade. Segure na mão, olhe nos olhos, seque as lágrimas, sorria junto, abrace, dê colo, converse, oriente, corrija, ensine e aprenda também. Largue o celular e brinque com seu filho, entre no mundo dele e deixe a porta do seu mundo aberta para que ele possa entrar e chegar também ao seu coração.
Ainda há tempo para recomeçar. Enquanto houver vida há esperança e a capacidade de dar um novo passo. Se permita tentar, assuma a responsabilidade e construa na sua criança um adulto que olha nos olhos, que se importa com quem está ao lado, que respeita as pessoas e o mundo que habita. Viver é urgente! [Elba Aquino / Opinião CE]